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Leia maisFrequentemente entendemos terapia, ou psicoterapia “como um processo através do qual se atinge a cura, a sanidade ou a integridade da psique de um indivíduo.” Cytrynowicz (1997, p. 63). Da mesma forma, muitas vezes é entendida como um processo de modificação comportamental, quer seja através da instalação de novos comportamentos, quer seja pela eliminação de comportamentos indesejados.
Fazer com que algo que não funcione bem seja substituído por algo que funcione melhor nos reporta a um tipo de “assistência técnica”, onde se pode promover consertos….
Diante desta questão nos deparamos minimamente com duas grandes dificuldades: a primeira delas reside no fato de que a psique humana não apresenta peças identificáveis e substituíveis de forma mecânica; a segunda é que para consertar o que está quebrado precisamos saber como deveria ser antes de quebrar…. Consertar alguém dependeria então, tanto desta possibilidade em si, como de um modelo referencial de perfeição a ser alcançado.
No entanto, a terapia não há de ser um momento de julgamento no qual o terapeuta atue como juiz do que é certo ou do que é errado, do que é normal ou patológico, do que é doente, ou do que é sadio, do perfeito e do imperfeito.
Vivemos numa sociedade que privilegia o modelo médico de entendimento do homem através do qual este é entendido a partir da formulação de diagnósticos e da patologização das questões humanas. Este modelo pressupõe cura, e esta, que seja alcançada através de “tratamentos adequados”.
A própria Psicologia, quando especializada na clínica, parece esbarrar nesta questão, uma vez que o termo “clínica”, de origem grega, nos remete à doença, pois quer dizer cama, sendo o clínico o médico que visitava os doentes acamados.
Obviamente não estamos aqui negligenciando a ocorrência de distúrbios neuroquímicos presentes em certas patologias, nem a importância dos tratamentos medicamentosos prescritos pela medicina psiquiátrica. A relevância de tais procedimentos é indiscutível, e em muitos casos, sem a atuação psiquiátrica a própria Psicologia nada poderia fazer. O que tentamos esclarecer é a necessidade de se achar o sentido e o significado do sintoma apresentado pelo paciente, à luz de sua própria existência (mesmo no caso de psicóticos graves). É aí então, que entra a psicoterapia: a psicoterapia não se dá para curar o surto, mas sim para entender o que existe de peculiar naquele sintoma, que sentido tem para aquele indivíduo, naquela história de vida, naquele momento, em toda a sua unicidade.
Trocando em miúdos, em lugar de se buscar o entendimento da doença, a terapia deve ir além buscando o entendimento do ser humano que se mostra adoecido. A doença expressa por um sintoma, atua como um limitador das possibilidades daquele paciente em sua relação com o mundo. A psicoterapia possibilita um “diagnóstico” do sentido do sintoma para aquele ser humano.
Diagnosticar o sentido que algo tem para alguém implica sobretudo, em uma aproximação terapeuta-paciente que possibilite ao primeiro conhecer o segundo, em sua singularidade.
Sendo assim, não existe um modelo pronto, ou parâmetros de avaliação que determinem genericamente tais significados, pois aquele ser que se apresenta diante do terapeuta está em permanente mudança e em sua relação com o mundo expressa seu um modo de existir, que haverá de ser sempre único.
Logo, na terapia, paciente e terapeuta procuram juntos por uma verdade que desvencilhe o paciente, que o liberte das amarras daquilo que o limita, quer seja uma neurose, uma culpa ou uma angústia, e que o desprenda do ponto que sua existência lhe restringe as possibilidades de existir. (POMPÉIA, 2004).
Na relação terapeuta-paciente a procura de um sentido para aquela existência se faz num caminhar juntos, num processo contínuo que se dá a cada encontro, em busca de um novo ponto para se apoiar o pé, em um caminho que não está pronto, mas que estará sempre sendo construído, a todo momento, durante toda a nossa jornada.