Psicologia Existencial do Envelhecimento

A Psicologia exerce importante papel dentro da equipe multiprofissional que atende o paciente geriátrico, acompanhando e monitorando as mudanças de […]

Leia mais

Aconselhamento na perspectiva Fenomenológica Existencial

A publicação, em 1942, do livro Counseling and Psychoterapy de Carl Rogers, possibilitou um deslocamento progressivo da abordagem psicométrica no […]

Leia mais

Aconselhamento em Saúde

A finalidade principal do aconselhamento em saúde é a redução de riscos para a saúde, obtida através de mudanças concretas […]

Leia mais

  • Aconselhamento Psicológico (3)
  • Psicologia do Envelhecimento (6)
  • Psicoterapia em Grupo (4)
  • Psicoterapia Existencial (21)
  • Terapia de Casais (3)
  • Untitled Document

    Rua Sinharinha Frota, 1469, Sta Cruz      
    Matão/SP - 159990-345      
    (16) 3382-4310      
    psicologia@bottesini.com.br      

    Fenomenologia da Doença


    Empreender uma compreensão fenomenológica da doença representa, em última análise, uma mudança paradigmática quanto à maneira de conceber não só o adoecimento e suas especificidades, mas também e, mais amplamente, o homem enquanto existente.

    Amparada em uma concepção naturalista da existência humana, as ciências da saúde se apropriaram do método experimental para conhecer o homem, fragmentando-o em partes distintas – mente e corpo – com vistas a alcançar a desejável objetividade, tão valorizada pelo saber científico.

    Nesse contexto, a fenomenologia, definida como estudo dos fenômenos (aquilo que se mostra à consciência do sujeito cognoscente), emerge como movimento filosófico, inaugurando uma forma inovadora de acessar o conhecimento. Ao considerar a consciência humana como intencional, já que carregada de direção ao visar os objetos da realidade e a si mesmo, Husserl reconhece o retorno “às coisas mesmas” ou à vivência imediata do homem em sua presença atrelada à realidade, como um caminho legítimo para se alcançar o conhecimento. Apresentadas ao pensamento fenomenológico, as ciências dirigidas ao estudo do homem se deparam com as limitações do modelo anterior para compreender a complexidade de seu objeto.

    A fenomenologia resgata a relação indissociável estabelecida entre homem e mundo e contrapõe a suposta neutralidade assumida pelo homem ao visar algum objeto buscando conhecê-lo: o homem participa do que vê, pois intenciona o objeto e lhe atribui significados, a partir de sua bagagem vivencial e subjetiva.

    Sendo assim, se nos propomos a compreender fenomenologicamente a doença, não devemos tentar objetivá-la e universalizá-la como um evento externo e isolado do próprio indivíduo que a carrega em sua morada corporal, sob pena de forjamos o seu real significado para aquele que vivencia, imediata e concretamente, o próprio adoecimento. Minimiza-se a ênfase na doença, resgatando-se o ser que adoece, protagonista de sua própria história.

    Contrapondo a compreensão biomédica de doença como um agente externo, descolado da participação humana, que desorganiza o funcionamento orgânico e é passível de reparação terapêutica, a fenomenologia concebe a doença como uma facticidade própria do modo constitutivo do homem de existir. Ao incidir sobre o homem, alterando bruscamente sua relação com o mundo, com os outros e consigo mesmo, a doença o confronta com a fluidez e imprevisibilidade de sua condição existencial, atualizando continuamente as restrições e as possibilidades para a continuidade de sua trajetória de vida.

    Sendo assim, o ser que adoece participa genuína e ativamente de seu modo de existir com a doença que ameaça sua integridade. A liberdade que o ser doente assumirá frente à sua nova condição existencial dependerá diretamente de sua maneira de se relacionar com ela, bem como dos significados e sentidos que lhes atribui ao vivenciar a enfermidade.

    Nessa direção, cuidar fenomenologicamente do ser doente significa iluminar o seu atrelamento à doença, expresso em seu modo de existir. As práticas de saúde pautadas na concepção fenomenológica de cuidado prescindem de ações paternalistas e buscam favorecer o exercício da liberdade existencial, já que proporcionam ao ser doente o reconhecimento de sua singularidade vivencial, bem como das possibilidades existenciais passíveis de auto-realização, a partir da construção de novos sentidos à experiência do adoecer.

    Leandra Rossi

     


    Nenhum comentário
    Dia 29 de August de 2011 por Adail Bottesini


    Deixe seu comentário




    (*)campos obrigatórios.