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    Corpo e Existência


    Na visão da psicologia tradicional, o corpo é entendido como uma matéria submetida à mente. Eles não trabalham juntos. Existe uma cisão muito profunda entre corpo e psique.

    O corpo nessa concepção não sou eu, mas algo que me pertence e ao qual eu atribuo funções. Aqui, eu seria a minha psique e o meu corpo apenas um veículo com a função de obedecer.

    Na abordagem fenomenológico-existencial, diferente da visão tradicional da psicologia, o corpo não é visto apenas como um meio a serviço da intelecção ou do inconsciente, mas como unicidade que se realiza a cada instante no movimento da existência. Não é a junção de um sujeito e um objeto.

    Para a fenomenologia existencial de Merleau Ponty, o corpo é visto como a expressão total da existência humana. É com ele que eu existo, que eu sinto, que eu vejo, que eu me expresso. É com ele que eu tenho acesso ao mundo, às experiências, aos relacionamentos. E por estar em constante contato com o mundo, o homem é um ser em situação. Ele não existe sozinho, só existe em relação com o mundo, e o mundo só existe pra mim porque os meus sentidos estão abertos a ele.

    A forma como eu percebo esse mundo é de grande importância para essa discussão sobre o corpo e a existência.

    A minha percepção depende de como o mundo me afeta, me toca. A realidade não se apresenta da mesma maneira para diferentes pessoas. Não basta que uma mesma situação seja exposta a várias pessoas para que elas vejam o mesmo sentido. A percepção depende do que o objeto me evoca. Se a percepção é algo particular, e dela depende a forma como eu vejo o mundo, é preciso que eu aprenda a ver com mais poesia.

    Muitas vezes é preciso resignificar a visão de mundo para que a vida se torne mais plena. Muitas vezes a correria do dia-a-dia nos coloca num total distanciamento de nossa realização pessoal. O dia começa e termina e não conseguimos fazer nada que realmente nos dê prazer e o mais intrigante é que a maioria das pessoas não percebe essa forma mecânica de existir e não sente falta de uma realização pessoal, nem se incomoda com a rotina desgastante e sem sentido. Geralmente as pessoas se dão conta de que há algo de errado quando o corpo começa a reclamar através de dores, câimbras, rigidez, nódulos. Só então a atenção se volta para o corpo, e mesmo assim, na maioria das vezes como algo que, como um carro, precisa de conserto.

    Minha vida é uma construção minha. Sou responsável pelo que faço dela. É difícil aceitar que somos o nosso corpo, e que se ele não está bem o ser inteiro também não está. Tomar consciência da condição corporal é tomar consciência do ser inteiro. Olhar para si próprio é dar atenção ao corpo que fala, mas ouvir o corpo se torna uma tarefa difícil. Não temos coragem de nos olhar. Aliás, não sabemos como fazer. Questionar o corpo é questionar a própria vida. É através dele que sou. Nosso corpo somos nós. Somos o que parecemos ser, não o que queremos parecer ser.

    O estilo de vida que leva uma pessoa ao total distanciamento do próprio corpo, da própria existência, a ponto de não tomar consciência de que o que acontece com o corpo é o resultado do que acontece com o ser inteiro, pode, muitas vezes levar a problemas sérios, como por exemplo, a depressão. Eu me deprimo quando não sinto o sabor das coisas boas da vida, valorizando apenas o negativo e menosprezando o positivo, numa atitude de total auto-abandono. A depressão é a dificuldade em saborear a vida. É a tristeza que vai tomando conta do ser, deixando a mente dominada, fechada. Enquanto que uma atitude positiva, alegre, expande a existência. Algumas pessoas precisam chegar a esse ponto de adoecimento pra entender o real sentido da vida.

    Precisamos aprender a enxergar as razões do próprio corpo, os motivos pelos quais esse “desconhecido” corpo nos surpreende com sintomas desagradáveis, principalmente quando imaginamos estar “tudo bem”.

    Precisamos aprender a pensar o corpo como a única realidade visível, perceptível do ser humano.

    Entender o corpo como totalidade nos coloca no centro de nossas vidas, sem teorizações sobre causas e efeitos. Somos o que parecemos ser. A vida interna é também a vida externa. Minha psique é o meu corpo.

    Essa nova visão nos abre para um modo de vida mais autêntico, mais puro, sem teorização, sem medo de ir além do previsível, do “normal”.

    Anna Paula Rodrigues Mariano


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    Dia 29 de August de 2011 por Adail Bottesini


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